Georges Chevrot, pregador de Notre-Dame e autor de um vasto conjunto de obras de espiritualidade, oferece-nos aqui um comentário ao episódio do encontro de Jesus com a Samaritana junto do poço de Jacó, narrado com tanto colorido pelo Apóstolo São João no seu Evangelho.
Não sabemos que mais admirar nestas páginas, se a reconstituição dos sentimentos e intenções que animam os dois interlocutores, se o desenrolar de uma luta comovente entre o pecado e a graça. De um lado, são as tentativas de um ser humano de fugir aos apelos divinos; de outro, a firme suavidade com que Cristo dá o primeiro passo para trazer ao redil a ovelha perdida numa vida de todo irregular.
São diversos os ensinamentos que se colhem destas páginas: o cansaço que se pode divinizar, a necessidade de Deus como fundamento da existência humana, a essência da religião como culto ao Pai culto interior, em espírito e verdade, e culto exterior , a unidade dos cristãos numa só fé, o valor da oração para os que ainda não creem, a fim de que cheguem a crer, a guia segura da Igreja, porque sem a Igreja não teríamos os Evangelhos e, portanto, não teríamos Cristo.
Mas de todas estas reflexões, poderíamos dizer que o fio condutor é o modo como Cristo procede para trazer à fé e à sua prática os que andam longe de querê-la. Fala-se muito em mé- todos de apostolado. Por que não olharmos para esse Deus-Homem que nos ensina nesta cena como dialogar com os não crentes, com que delicadeza fazê-lo, com que tato e compreensão e paciência?
Sabedoria divina que nos mostra como cumprir sem altivez nem desânimos a tarefa de dar testemunho que incumbe a todos os verdadeiros seguidores de Cristo, pois Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem à verdade.